TY - JOUR AU - Batista de Oliveira, Douglas AU - Ferreira Vilela, Simonelly AU - Vanderlei Silva, Kalina PY - 2021/04/22 Y2 - 2024/03/28 TI - Relações entre religião e identidade negra em adolescentes candomblecistas de Olinda-PE JF - Revista de Extensão da Universidade de Pernambuco - REUPE JA - REUPE VL - 6 IS - 1.1 SE - Resumo DO - 10.56148/2675-2328reupe.v6n1.1.148.pp98-99 UR - https://www.revistaextensao.upe.br/index.php/reupe/article/view/148 SP - 98-99 AB - <p>Introdução: Durante a adolescência, as buscas pela formação de uma identidade e associações com grupos ganham destacada relevância. O desenvolvimento desses processos é orientado pelas intersecções de diferentes marcadores sociais que classificam os adolescentes, como gênero, raça, classe social, religião, dentre outros. O candomblé, enquanto religião afro-brasileira, tem profunda associação com os povos de origem africana e, inicialmente, era cultuado apenas por brasileiros descendentes de africanos. Embora a população adepta dessa religião não seja mais exclusivamente afrodescendente, as origens do candomblé mantêm profunda ligação da religião com os negros, podendo fortalecer as relações existentes entre as identidades religiosa e étnico-racial dos seus praticantes, especialmente os adolescentes. Objetivo: compreender como os adolescentes candomblecistas do município de Olinda (PE) identificam e representam a própria raça e quais as influências da religião sobre esses processos. Material e métodos: pesquisa de campo de abordagem qualitativa e natureza interdisciplinar realizada através de observações participantes em dois terreiros de candomblé do município de Olinda e entrevistas semiestruturadas individuais com dez adolescentes candomblecistas que frequentavam os referidos terreiros. A análise dos dados obtidos durante a coleta foi orientada pelas contribuições da Análise do Discurso e da Teoria das Representações Sociais. Resultados e discussão: Nas entrevistas, ao serem questionados sobre a forma como se identificavam em relação a própria cor ou raça, 9 adolescentes se definiram como negros e apenas 1 como pardo. Uma parcela dos entrevistados argumentou que se definia como negro por conta de seus atributos fisionômicos, enquanto outra fração apontou que aspectos culturais, como a própria filiação ao candomblé, determinavam sua identidade negra. As representações destes últimos, no entanto, entravam em conflito com outras representações existentes no grupo religioso, no qual a cor de pele preta era, por vezes, apontada como um traço determinante para a validação da identificação enquanto negro e reconhecida como uma característica essencial para um praticante do candomblé, o que comprometia a inserção de alguns adolescentes no grupo. Dessa forma, foi possível verificar que o grupo religioso pode ter sido um dos determinantes da majoritária autoafirmação dos participantes como negros por estimular ou, em alguns casos, exigir de seus membros tal identificação. Considerações finais: Ao aclamar a identidade negra em referência aos povos que o originaram, o candomblé favorece a predominância dessa identidade étnico-racial entre seus adeptos. Se, por um lado, o grupo religioso pode oferecer um importante contraponto às representações hegemônicas que depreciam a identidade negra, por outro lado, também pode erigir barreiras, ainda que informais, que limitam a participação de alguns indivíduos por conta de sua raça ou etnia.</p> ER -